Lindo.
Nenhum adjetivo menor do que este seria apropriado para descrever o Morumbi nesta terça-feira, no jogo
Corinthians x
São Caetano, pela Copa do Brasil.
Mais de 46 mil pessoas lotavam o anel superior do estádio, além da quase lotação das cadeiras. O preço promocional e a estranha sinergia entre a torcida e o time, formada no jogo contra o Goiás, são os principais motivos da mobilização da torcida, que só fez aumentar a mesma sinergia.
Uma prova disso está no vídeo abaixo, gravado durante o primeiro tempo do jogo, quando ainda estava zero a zero (caro leitor, tenha paciência para escutar o áudio, pois eu só percebi que estava com fone de ouvido conectado no celular quando já havia 20 segundos gravados...). Detalhe: estou rouco, totalmente sem voz, até agora.
No jogo, confesso que é difícil de avaliar algumas coisas com uma vitória, pois esta pode parecer enganosa, mas uma coisa há de ser afirmada: o time está com vontade de vencedor. Mano parece, finalmente, ter entendido seu elenco, sabe os jogadores que tem em mãos, e mostrou isso mexendo bem no intervalo.
No primeiro tempo, a maior arma do
São Caetano foi Perdigão. Isso mesmo, leitores, Perdigão, que errou, consecutivamente, dez passes laterais, fornecendo, sempre, um contra-ataque sensacional, objetivo principal do Azulão no jogo, desde o princípio. Mas o mais perigoso deles foi concedido por Fabinho, no seu único passe errado do jogo, mais um passe lateral no meio-de-campo, que Rafinha fez questão de, grotescamente, desperdiçar um chute, na cara do gol.
Depois da expulsão do jogador do
São Caetano, inegavelmente, as coisas ficaram mais fáceis para o
Timão, com Pintado, covardemente (o que dizer de um "Bambi" aposentado?), se retrancando e chamando o
Corinthians para a sua metade do campo.
Aí, a galera foi ao delírio.
Quando os times voltaram para o segundo tempo de jogo, parecia que havia começado outro jogo, que se resumia a apenas uma metade do campo. Ataque contra defesa, o jogo foi ganhando um destaque forte: Luiz, o goleiro do
São Caetano.
Mano, que substituiu bem Perdigão por Acosta (sem ter quem marcar, Perdigão, em resumo, era o passe errado personificado), apesar de Acosta não ter jogado nada, também, mas, ao menos, deixou Herrera com um marcador a menos, e, inteligentemente, tirou Rincón (que ia ser expulso) e promoveu a estréia de Eduardo Ramos, jogou o time para cima do São Caetano.
Aproveitou a noite inspirada dos garotos corintianos, Dentinho e Lulinha, o primeiro, como sempre, o melhor em campo e o segundo, como nunca, jogando extraordinariamente bem. Sinceramente, espero ver esse Lulinha mais vezes, mais regularmente, diria, para queimar, mesmo, a minha língua, com prazer.
Aproveitou, também, a boa noite dos laterais. Sim, "laterais", com "s" no fim, pois Carlos Alberto mostrou uma surpreendente evolução e jogou como um lateral deve jogar, marcando muito, avançando em revezamento com André Santos, e fazendo muito bem a passagem, principalmente em parceria com Eduardo Ramos, que fez boa estréia.
Outro capítulo à parte foi o trio Fabinho, William e CHICÃO, que travaram bem os contra-ataques do azulão. E CHICÃO se escreve em caixa alta porque é O Zagueiro. O cara não perde uma, mesmo sem sujar o calção (apesar de sujar, sim, quando precisa).
Acredito que há gols nos quais não dá para se apontar uma "falha" no time, e este foi o gol que o
São Caetano fez. Empurrado pela torcida, que não parava em momento algum, e por uma opção tática acertada de Mano Menezes, o time todo estava no campo do adversário. Os zagueiros se adiantaram bastante, porque confiavam na corrida e na antecipação, forçando qualquer atacante do
São Caetano a partir para o contra-ataque sozinho, limitando o toque de bola do time azul para a sua metade de campo, apenas, o que deixava o time visitante bastante debilitado.
Infelizmente, um contra-ataque encaixou, o atacante, com méritos, ganhou na corrida de William, que estava de lado invertido com Chicão, naquele momento, entrou na área e, cara-a-cara com Felipe, fez a sua obrigação. Felipe, apesar de não ter saído em cima do atacante, não "falhou" com todas as letras, no gol. Certo que um goleiro diferenciado, como ele é, deve fazer a diferença em um jogo nesses momentos, mas não vamos massacrar o coitado só por causa de um lance.
Por fim, Herrera desencantou em um jogo importante (mais ainda que um clássico, este ano, já que representou o adversário médio do
Corinthians na Série B), e fez os gols de uma vitória que pode, sim, levar o time a um título heróico, este ano.
E é bom, mesmo, que a imprensa continue dizendo que o
Corinthians vá perder, com certeza, para o
Goiás, para o
São Caetano, para o "
Botafogo" (nem se sabe se o time do rio vai eliminar o
Atlético), para o "
Inter" (o
Palmeiras, outro franco favorito ao título, já caiu para o
Sport, azarão). Esse clima de "agora perde" só está fazendo o
Corinthians crescer na competição.
Luiz Salles, corintiano, maloqueiro, roxo, louco, sofredor, graças a Deus!